sexta-feira, 23 de novembro de 2012

“FECHAR”: PRONÚNCIA ABERTA OU FECHADA?

Já tratamos aqui da importância da pronúncia correta das palavras. E isso não vale somente para os usuários comuns da língua, mas, principalmente, para as pessoas dotadas de certo prestígio social, como as figuras públicas ou aqueles profissionais que trabalham, de algum modo, com o uso constante da língua falada, como, por exemplo, apresentadores de rádio e de televisão, jornalistas e políticos. De qualquer maneira, a boa fala deve ser valorizada sempre e por todos. Como meus ouvidos estão atentos, ainda que inconscientemente, à fala das pessoas, já observei uma variação na pronúncia do verbo fechar, quando usado em algumas formas do presente do indicativo ou do imperativo. Ôpa! Indicativo? Imperativo? Vamos ver o que é isso. Para quem não lembra, os verbos podem ser conjugados em três modos: indicativo, subjuntivo e imperativo. O primeiro indica que o fato é real, positivo, verdadeiro; o segundo, que o fato é irreal, provável, duvidoso; e o terceiro, que se dá uma ordem, um conselho ou se faz um pedido, um convite ou uma súplica. Sendo assim, quando se diz “Nós fechamos a porta.”, há uma certeza de que a ação foi realizada; daí o uso do modo indicativo. Já em “Se eu fechasse a porta, isso não teria acontecido.”, a ação de fechar é transmitida como uma hipótese, algo que poderia ter acontecido; por isso o emprego do subjuntivo. Em “Fechemos a porta, antes de sair.”, há uma solicitação, uma recomendação para que se faça algo; portanto se usa o modo imperativo. Na fala cotidiana, o verbo fechar , nas formas da 1ª (eu), da 2ª (tu) e das 3ª (ele ou eles) pessoas, tanto no presente do indicativo como no imperativo (afirmativo ou negativo), recebe a pronúncia aberta do e: “Eu ‘fécho’ a porta.”; “Tu ‘féchas’ o portão.”; “Ele/eles ‘fécha’/ ‘fécham’ o cadeado.”; “Por favor, ‘féche’ a porta.”; “Não ‘féchem’ as janelas da sala.”. Acontece, porém, que a ortoepia (como já vimos, parte da gramática que trata da correta pronúncia das palavras) determina que os verbos terminados em -echar (com exceção de “flechar” e “mechar”) devem conservar o e tônico fechado em todas as pessoas. Portanto nós, falantes da língua portuguesa, devemos atentar para a correta pronúncia desse verbo: “fêchemos” o timbre do e ao pronunciar o verbo. E, leitores, não ”fêchem” os ouvidos a essa informação!” (Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 490, Região dos Lagos, out-2009, p.4)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

E O PARTICÍPIO CONTINUA...

Há uma questão no que diz respeito ao particípio que não posso deixar de lembrar: algumas formas equivocadas de determinados verbos. Quanto ao uso da língua falada, existe um processo – bastante antigo – de redução de certas estruturas. O falante, a fim de economizar tempo e esforço, muitas vezes, altera a forma do verbo, diminuindo seu tamanho, literalmente.
Atualmente, tem havido uma tendência a se reduzir a forma regular do particípio de alguns verbos, construindo-se uma estrutura com o verbo auxiliar ter ou haver acompanhado de uma nova forma de particípio. Digo uma “nova forma” pelo fato de não existir o particípio irregular do verbo, e o falante tomar, grosso modo, a 1ª pessoa do singular como empréstimo nessa construção. Tenho ouvido muitas pessoas dizerem “Eu tinha trago o documento...” ou “Eu tinha chego na hora marcada.”. O uso está se ampliando bastante, a ponto de eu já ter observado um processo de generalização desse fenômeno, como, por exemplo, em “Eu tinha falo isso para todo mundo...”.
É preciso esclarecer que os verbos trazer e chegar têm somente uma forma de particípio: o regular. Nesses casos, independentemente do auxiliar, só existem trazido e chegado. Ao empregá-los, teremos frases como estas, por exemplo: “Eu tinha trazido o documento para reconhecer firma.”; “O documento foi trazido até o juiz para reconhecimento de sua autenticidade.”; “Eu tinha chegado na hora certa, mas a reunião acabou atrasando.”; “Era chegada a hora dos cumprimentos aos noivos.”
A forma verbal trago não tem nada a ver com o particípio. Ela constitui a 1ª pessoa do singular (eu) do verbo trazer ou do tragar, no presente do indicativo. Sendo assim, seu uso só fica adequado em contextos como estes: “Eu trago sempre meus óculos comigo.” ou “Quando, sem querer, trago a fumaça de um cigarro, fico com uma tosse horrível.”.
O mesmo acontece com chego. Seu emprego também está previsto apenas no tempo presente. Assim sendo, é correto dizer: “Eu chego sempre pontualmente ao trabalho.” ou “Quando chego aqui, esqueço todos os meus problemas.”.
Bem, a língua portuguesa dispõe de uma infinidade de estruturas para oferecer ao falante. Há de se ressaltar, porém, que as escolhas não podem ser aleatórias. Existem construções ou criações linguísticas que, por estarem dentro dos padrões previstos, são aceitas imediatamente; outras, no entanto, são rejeitadas, e não há como o usuário empregá-las sem ter esse conhecimento.

Artigo publicado no Lagos Jornal em 10-10-2009.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

UMA QUESTÃO DE ESCOLHA

No artigo anterior, tratamos dos verbos abundantes: aqueles que têm duas formas para um mesmo tempo, o que ocorre, principalmente, com o particípio. Podemos encontrar, portanto, na língua portuguesa, verbos que apresentam o particípio regular (com terminação “ado” ou “ido”) e o irregular. Hoje, quero fazer algumas considerações a respeito de certos verbos, uma vez que o emprego do particípio traz dúvidas quanto à forma adequada ao contexto.
O grupo é constituído de três verbos: ganhar, gastar e pagar. Como os demais verbos abundantes, eles podem aparecer nas duas formas do particípio: ganhado/ganho; gastado/gasto; pagado/pago. No dia a dia, é muito comum as pessoas não empregarem a forma regular, por acreditarem ser inexistente no Português. Entretanto, para esses verbos, o uso do particípio regular ou irregular também segue a regra geral: está associado ao auxiliar que os acompanha. Assim, com “ter” e “haver”, emprega-se o particípio regular (ganhado, gastado e pagado) e, com “ser” e “estar”, o irregular (ganho, gasto e pago). Desse modo, temos, por exemplo: “Ele tinha/havia ganhado na loteria, por isso estava eufórico.” e “O carro foi ganho numa rifa.”; “Eu já tinha/havia gastado todo o dinheiro, quando me lembrei daquela prestação.” e “Com o defeito, o pneu do carro foi gasto rapidamente.”; “Ela tinha/havia pagado todas as prestações de sua casa e, em breve, teria a escritura definitiva.” e “A minha casa já está paga há anos.”.
Esses três verbos, porém, apresentam uma peculiaridade: além de terem seus particípios construídos segundo a regra geral, podem ser empregados exclusivamente na forma irregular, independentemente do auxiliar. Como uma escolha linguística não está pautada somente na prescrição de uma norma, mas também no uso consagrado pelos falantes – e um reflexo disso é o emprego dentro da mídia falada e escrita –, estatisticamente, há a preferência do particípio irregular desses verbos. Portanto outra opção que temos é usar sempre as formas ganho, gasto e pago com qualquer auxiliar: “tinha/havia ganho na loteria”; “tinha/havia gasto todo o dinheiro”; “tinha/havia pago todas as prestações”.
Em resumo, para esse trio, não há problema em usar o particípio regular: ele existe e é correto! Agora, se quisermos empregar exclusivamente o irregular, podemos fazê-lo sem dúvidas.
Como podemos perceber, não é à toa que esses verbos foram classificados como “abundantes”. Além de as normas gramaticais indicarem a duplicidade de seus usos, nós, falantes, ainda temos a possibilidade de escolher entre as formas oferecidas pela língua. Assim como é muito bom abrir o armário e encontrar várias opções de roupas para os possíveis eventos de que podemos participar, esses verbos nos proporcionam a ótima sensação de “abundância”, de “riqueza” linguística. Aproveitem, que é de graça!
(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, Cabo Frio, 03-10-2009, p.4)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

VERBOS ABUNDANTES

Já que entramos no vasto mundo dos verbos, não podemos deixar fora de nossa lembrança os verbos abundantes: aqueles que têm duas, ou mais, formas equivalentes, de modo geral relacionadas ao particípio. Compliquei? Então vamos descomplicar!
Primeiramente, o que vem a ser o particípio? Ele tem como característica a terminação “ado”, para os verbos de 1ª conjugação (com terminação “ar”), e “ido”, para os de 2ª (terminados em “er”) e 3ª (com terminação “ir”). Assim, para andar, dobrar, falar e pensar, por exemplo, temos os particípios: andado, dobrado, falado e pensado. Já para beber, entender, parecer, colorir, fingir e seguir, temos: bebido, entendido, parecido, colorido, fingido e seguido. Essas formas de particípio, marcadas pelo final “ado” e “ido”, são classificadas como regulares; daí o particípio regular.
Existem verbos, porém, que têm o seu particípio construído de um modo bem particular, sem aquelas terminações. Eles formam o grupo dos verbos com particípio irregular. Por exemplo, abrir/aberto (não existe “abrido”); escrever/escrito (não há “escrevido”); fazer/feito (e não “fazido”).
O que acontece com os verbos abundantes em relação ao particípio? Eles têm as duas formas: uma com a terminação “ado” ou “ido” (particípio regular) e outra específica (particípio irregular). É o que ocorre com o verbo aceitar, por exemplo, cujo particípio pode ser aceitado ou aceito. Outros que integram essa lista são: eleger (elegido/eleito); entregar (entregado/entregue); expulsar (expulsado/expulso); imprimir (imprimido/impresso); prender (prendido/preso); salvar (salvado/salvo); soltar (soltado/solto); suspender (suspendido/suspenso).
Ora, agora vem a questão: posso usar as duas formas do particípio dos verbos abundantes aleatoriamente? Não. A nossa língua tem uma estrutura muito bem organizada e deixa esses verbos bem “arrumadinhos”, cada um numa “gaveta” própria. Como, na frase, eles sempre vêm acompanhados de um verbo auxiliar para compor sua conjugação, o emprego do particípio regular ou irregular vai depender da escolha desse auxiliar.
Quando usamos os verbos ter e haver como auxiliares, é o particípio regular que deve ser empregado. Sendo assim, diremos: “José tinha/havia aceitado meu convite, mas não apareceu.”; “A criança tinha/havia suspendido a cadeira com facilidade.”; “Eu já tinha/havia imprimido todo o trabalho da escola, quando ela chegou.”; “Os alunos tinham/haviam elegido o representante da turma por voto direto.”.
Se usarmos os verbos ser e estar como auxiliares, devemos empregar o particípio irregular. Para os contextos acima, teríamos: “Meu convite foi aceito por José, mas ele não apareceu.”; “A cadeira foi suspensa com facilidade pela criança.”; “Todo o trabalho da escola foi impresso, antes de ela chegar.”; “O representante da turma foi eleito pelos alunos por voto direto.”.
Bem, mais uma vez, a língua nos oferece um estoque bastante generoso de opções para a construção de frases. Os verbos abundantes são um exemplo disso. Sabendo usar, não vai faltar!
Artigo publicado em setembro de 2009 no Lagos Jornal.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PRECISAMOS FALAR A MESMA LÍNGUA

Estou escrevendo este artigo num dia muito especial para mim: 15 de outubro, o Dia do Professor. Sempre que acordo neste dia e recebo os parabéns dos meus familiares, penso comigo mesma: valeu a pena toda a trajetória para chegar até aqui. Eu sou reconhecida profissionalmente!
Vocês podem até pensar: ser reconhecida pela família não é mérito nenhum; afinal, são os entes queridos... Eu digo que é justamente o contrário: é na família que tudo começa. Sempre ouvi minha mãe falar, com entusiasmo, sobre seus professores de infância e a importância que eles tiveram para sua formação, como exemplos de profissionais competentes e pessoas dignas. A mesma fala veio de meus avós e tios.
Durante toda a minha jornada escolar, estive diante de professores que desempenhavam seu papel como profissionais do ensino de forma séria, respeitável e carismática. Meus professores – tenho-os todos carinhosamente em minha memória (até os mais carrancudos) – formaram, para mim, uma segunda grande família. De vez em quando, ouvia, aqui e ali, uma história desses professores, que falavam a respeito de seus professores e de como eles foram influenciados por mestres tão queridos, a ponto de sempre tê-los na lembrança como pessoas fundamentais na sua formação pessoal e profissional. Falavam com tanto respeito, que ficava claro para mim o laço afetivo que havia se criado entre eles (como numa família).
Por isso, quando, hoje, recebo os cumprimentos sinceros e/ou os presentes (isso mesmo: eu ganho presentes neste dia!) de meu marido (orgulhoso de ser esposo de uma professora), de minhas filhas (orgulhosas de serem filhas de uma professora), de meus pais (orgulhosos de serem pais de uma professora), de meus irmãos (orgulhosos de serem irmãos de uma professora), de minha sogra (orgulhosa – podem acreditar! – de ter uma nora professora), o mais óbvio e único sentimento que posso ter é o orgulho. Não o orgulho soberbo, mas aquele vindo do fato de ter conquistado um lugar ao sol com a minha profissão, que muito me ensinou e tem ensinado a crescer também como pessoa, como cidadã.
Foi na família que aprendi a respeitar o professor e é na família que encontro o respeito por ser professora. A sociedade é formada pelas muitas famílias que falam sobre aquilo de que gostam, que anseiam e que respeitam. Portanto precisamos falar a mesma língua e continuar perpetuando, todos os dias, o orgulho de ser professor ou de se ter um no nosso convívio. Todo o restante é consequência disso.
A todos os mestres (formais e informais), o meu grande orgulho!

(Artigo publicado na coluna No quintal das palavras - Lagos Jornal)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

É PRECISO SE ADEQUAR...

Como foi visto no artigo anterior, os verbos podem ter defeitos na sua conjugação. Daí serem chamados de defectivos. Essa característica faz com que algumas formas não existam, ainda que, por vezes, as encontremos na fala de um e de outro.
O verbo adequar está incluído nessa lista. Você já parou para analisar como ele se conjuga no presente do indicativo? Já ouviu algo semelhante a “Eu me ‘adéquo’ ao cargo.”, “Ele se ‘adéqua’ ao cargo.” ou “Eles se ‘adéquam’ ao cargo.”? Por incrível que pareça para muitos, esse verbo não pode ser conjugado nessas pessoas gramaticais.
Como um típico verbo defectivo, em determinados tempos, não teremos sua conjugação completa. Como isso acontece na prática? Ora, no presente do indicativo, só existem as formas verbais da 1ª pessoa do plural (= nós) e da 2ª do plural (= vós), respectivamente: adequamos e adequais.
Aí você pode perguntar: “Como vou saber se uma forma do verbo adequar existe ou não?” Ora, é muito simples. Ela só existirá quando a tonicidade (sílaba tônica) recair depois do radical, ou melhor, após a estrutura adequ-. Se observarmos com mais atenção, em adequamos, a sílaba tônica se encontra exatamente na vogal “a” que aparece logo depois de adequ-. Isso garante a existência dessa forma do verbo e de todas as outras que apresentarem essa característica, como, por exemplo, adequei, adequou, adequava, adequarei e adequará.
Nas formas “adéquo”, “adéqua” e “adéquam”, a tonicidade recai na sílaba “de”, ou seja, ainda no radical do verbo. Esse é o motivo de elas não existirem na conjugação do presente do indicativo. Consequência: não podemos usar algo que não existe!
Essa lacuna, porém, não é problema. Diante da ausência da forma, é só substituir o verbo adequar por um sinônimo (“Eu me adapto/ajusto ao cargo.”) ou até mesmo mantê-lo, mas com outra estrutura de frase (“Eu posso me adequar ao cargo.”).
Como podemos concluir, é só uma questão de se adequar a essa realidade...

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 490, Região dos Lagos, 19-9-2009, p.4)

domingo, 20 de junho de 2010

DEFEITOS DE CONJUGAÇÃO

Você já ouviu falar em verbo defectivo? Pois é, isso existe! Assim como as pessoas e os objetos, o verbo também pode apresentar defeito. Linguisticamente, essa afirmação significa que alguns verbos do Português não são conjugados em todas as pessoas (1ª, 2ª e 3ª do singular ou plural), tempos (presente, passado e futuro) ou modos (indicativo, subjuntivo e imperativo). De maneira geral, essa defectibilidade ocorre por questões de eufonia (produção de som agradável ao ouvido) ou de sua própria significação.
Como exemplo relacionado à eufonia, podemos citar o verbo computar. Para garantir que não haja efeitos desagradáveis aos nossos ouvidos, ele não é usado nas três primeiras pessoas do presente do indicativo. Ou seja, não existem as formas “eu computo”, “tu computas” ou “ele computa”. Diante de uma necessidade de fazer referência a essa ação, temos duas opções: ou trocamos o verbo por um sinônimo ou mudamos a estrutura da frase. Assim, diríamos: “Em todas as eleições, eu faço o cômputo dos votos” ou “... conto/calculo os votos” ou “... tenho a responsabilidade de computar os votos”.
No que diz respeito à significação, temos o exemplo dos verbos que designam vozes de animais. Latir é um deles. Essa forma verbal só pode ser conjugada na 3ª pessoa, do singular ou plural, uma vez que se trata de uma ação característica de um cão, isto é, somente o animal (= ele) produz esse som. Sendo assim, não há emprego do verbo para indicar o falante (= eu) ou o ouvinte (= tu) como agentes dessa ação. Portanto eu não “lato”, tu não “lates”, nós não “latimos” e vós não “latis” – já que essas formas não existem! –, mas ele late e eles latem.
É claro que podemos encontrar seu uso no mundo da ficção – em que um cão seja personagem de uma história e possa referir-se ao seu próprio ato de latir – ou, raramente, com o verbo no sentido figurado – quando foge ao seu significado original, como, por exemplo, em “Com muita raiva, eu lati aquelas duras palavras.”. Além disso, o efeito sonoro também interfere na conjugação do verbo. Ele não pode ser usado nas formas em que o “t” seria seguido de “o” (como em “eu lato”, ainda que estejamos no mundo ficcional) ou “a” (mesmo na 3ª pessoa). Por isso, não espere que o seu cachorro “lata” para avisar a chegada de alguém. Como essa forma não pode ser empregada, substitua-a ou mude a estrutura da frase: “Eu espero que meu cachorro ladre (ou dê latidos) para avisar a presença de estranhos no portão.”.
Como podemos observar, defeito é o que não falta nos verbos. Temos alguns casos que, de modo geral, não são conhecidos e tornam o emprego de algumas formas inadequado. Conhecer os verbos defectivos deve ser uma virtude dos bons usuários da língua portuguesa! Então, no próximo artigo, continuaremos com eles.

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 489, Região dos Lagos, sábado, 12-9-2009, p.4)