quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

VERBOS ABUNDANTES

Já que entramos no vasto mundo dos verbos, não podemos deixar fora de nossa lembrança os verbos abundantes: aqueles que têm duas, ou mais, formas equivalentes, de modo geral relacionadas ao particípio. Compliquei? Então vamos descomplicar!
Primeiramente, o que vem a ser o particípio? Ele tem como característica a terminação “ado”, para os verbos de 1ª conjugação (com terminação “ar”), e “ido”, para os de 2ª (terminados em “er”) e 3ª (com terminação “ir”). Assim, para andar, dobrar, falar e pensar, por exemplo, temos os particípios: andado, dobrado, falado e pensado. Já para beber, entender, parecer, colorir, fingir e seguir, temos: bebido, entendido, parecido, colorido, fingido e seguido. Essas formas de particípio, marcadas pelo final “ado” e “ido”, são classificadas como regulares; daí o particípio regular.
Existem verbos, porém, que têm o seu particípio construído de um modo bem particular, sem aquelas terminações. Eles formam o grupo dos verbos com particípio irregular. Por exemplo, abrir/aberto (não existe “abrido”); escrever/escrito (não há “escrevido”); fazer/feito (e não “fazido”).
O que acontece com os verbos abundantes em relação ao particípio? Eles têm as duas formas: uma com a terminação “ado” ou “ido” (particípio regular) e outra específica (particípio irregular). É o que ocorre com o verbo aceitar, por exemplo, cujo particípio pode ser aceitado ou aceito. Outros que integram essa lista são: eleger (elegido/eleito); entregar (entregado/entregue); expulsar (expulsado/expulso); imprimir (imprimido/impresso); prender (prendido/preso); salvar (salvado/salvo); soltar (soltado/solto); suspender (suspendido/suspenso).
Ora, agora vem a questão: posso usar as duas formas do particípio dos verbos abundantes aleatoriamente? Não. A nossa língua tem uma estrutura muito bem organizada e deixa esses verbos bem “arrumadinhos”, cada um numa “gaveta” própria. Como, na frase, eles sempre vêm acompanhados de um verbo auxiliar para compor sua conjugação, o emprego do particípio regular ou irregular vai depender da escolha desse auxiliar.
Quando usamos os verbos ter e haver como auxiliares, é o particípio regular que deve ser empregado. Sendo assim, diremos: “José tinha/havia aceitado meu convite, mas não apareceu.”; “A criança tinha/havia suspendido a cadeira com facilidade.”; “Eu já tinha/havia imprimido todo o trabalho da escola, quando ela chegou.”; “Os alunos tinham/haviam elegido o representante da turma por voto direto.”.
Se usarmos os verbos ser e estar como auxiliares, devemos empregar o particípio irregular. Para os contextos acima, teríamos: “Meu convite foi aceito por José, mas ele não apareceu.”; “A cadeira foi suspensa com facilidade pela criança.”; “Todo o trabalho da escola foi impresso, antes de ela chegar.”; “O representante da turma foi eleito pelos alunos por voto direto.”.
Bem, mais uma vez, a língua nos oferece um estoque bastante generoso de opções para a construção de frases. Os verbos abundantes são um exemplo disso. Sabendo usar, não vai faltar!
Artigo publicado em setembro de 2009 no Lagos Jornal.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PRECISAMOS FALAR A MESMA LÍNGUA

Estou escrevendo este artigo num dia muito especial para mim: 15 de outubro, o Dia do Professor. Sempre que acordo neste dia e recebo os parabéns dos meus familiares, penso comigo mesma: valeu a pena toda a trajetória para chegar até aqui. Eu sou reconhecida profissionalmente!
Vocês podem até pensar: ser reconhecida pela família não é mérito nenhum; afinal, são os entes queridos... Eu digo que é justamente o contrário: é na família que tudo começa. Sempre ouvi minha mãe falar, com entusiasmo, sobre seus professores de infância e a importância que eles tiveram para sua formação, como exemplos de profissionais competentes e pessoas dignas. A mesma fala veio de meus avós e tios.
Durante toda a minha jornada escolar, estive diante de professores que desempenhavam seu papel como profissionais do ensino de forma séria, respeitável e carismática. Meus professores – tenho-os todos carinhosamente em minha memória (até os mais carrancudos) – formaram, para mim, uma segunda grande família. De vez em quando, ouvia, aqui e ali, uma história desses professores, que falavam a respeito de seus professores e de como eles foram influenciados por mestres tão queridos, a ponto de sempre tê-los na lembrança como pessoas fundamentais na sua formação pessoal e profissional. Falavam com tanto respeito, que ficava claro para mim o laço afetivo que havia se criado entre eles (como numa família).
Por isso, quando, hoje, recebo os cumprimentos sinceros e/ou os presentes (isso mesmo: eu ganho presentes neste dia!) de meu marido (orgulhoso de ser esposo de uma professora), de minhas filhas (orgulhosas de serem filhas de uma professora), de meus pais (orgulhosos de serem pais de uma professora), de meus irmãos (orgulhosos de serem irmãos de uma professora), de minha sogra (orgulhosa – podem acreditar! – de ter uma nora professora), o mais óbvio e único sentimento que posso ter é o orgulho. Não o orgulho soberbo, mas aquele vindo do fato de ter conquistado um lugar ao sol com a minha profissão, que muito me ensinou e tem ensinado a crescer também como pessoa, como cidadã.
Foi na família que aprendi a respeitar o professor e é na família que encontro o respeito por ser professora. A sociedade é formada pelas muitas famílias que falam sobre aquilo de que gostam, que anseiam e que respeitam. Portanto precisamos falar a mesma língua e continuar perpetuando, todos os dias, o orgulho de ser professor ou de se ter um no nosso convívio. Todo o restante é consequência disso.
A todos os mestres (formais e informais), o meu grande orgulho!

(Artigo publicado na coluna No quintal das palavras - Lagos Jornal)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

É PRECISO SE ADEQUAR...

Como foi visto no artigo anterior, os verbos podem ter defeitos na sua conjugação. Daí serem chamados de defectivos. Essa característica faz com que algumas formas não existam, ainda que, por vezes, as encontremos na fala de um e de outro.
O verbo adequar está incluído nessa lista. Você já parou para analisar como ele se conjuga no presente do indicativo? Já ouviu algo semelhante a “Eu me ‘adéquo’ ao cargo.”, “Ele se ‘adéqua’ ao cargo.” ou “Eles se ‘adéquam’ ao cargo.”? Por incrível que pareça para muitos, esse verbo não pode ser conjugado nessas pessoas gramaticais.
Como um típico verbo defectivo, em determinados tempos, não teremos sua conjugação completa. Como isso acontece na prática? Ora, no presente do indicativo, só existem as formas verbais da 1ª pessoa do plural (= nós) e da 2ª do plural (= vós), respectivamente: adequamos e adequais.
Aí você pode perguntar: “Como vou saber se uma forma do verbo adequar existe ou não?” Ora, é muito simples. Ela só existirá quando a tonicidade (sílaba tônica) recair depois do radical, ou melhor, após a estrutura adequ-. Se observarmos com mais atenção, em adequamos, a sílaba tônica se encontra exatamente na vogal “a” que aparece logo depois de adequ-. Isso garante a existência dessa forma do verbo e de todas as outras que apresentarem essa característica, como, por exemplo, adequei, adequou, adequava, adequarei e adequará.
Nas formas “adéquo”, “adéqua” e “adéquam”, a tonicidade recai na sílaba “de”, ou seja, ainda no radical do verbo. Esse é o motivo de elas não existirem na conjugação do presente do indicativo. Consequência: não podemos usar algo que não existe!
Essa lacuna, porém, não é problema. Diante da ausência da forma, é só substituir o verbo adequar por um sinônimo (“Eu me adapto/ajusto ao cargo.”) ou até mesmo mantê-lo, mas com outra estrutura de frase (“Eu posso me adequar ao cargo.”).
Como podemos concluir, é só uma questão de se adequar a essa realidade...

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 490, Região dos Lagos, 19-9-2009, p.4)

domingo, 20 de junho de 2010

DEFEITOS DE CONJUGAÇÃO

Você já ouviu falar em verbo defectivo? Pois é, isso existe! Assim como as pessoas e os objetos, o verbo também pode apresentar defeito. Linguisticamente, essa afirmação significa que alguns verbos do Português não são conjugados em todas as pessoas (1ª, 2ª e 3ª do singular ou plural), tempos (presente, passado e futuro) ou modos (indicativo, subjuntivo e imperativo). De maneira geral, essa defectibilidade ocorre por questões de eufonia (produção de som agradável ao ouvido) ou de sua própria significação.
Como exemplo relacionado à eufonia, podemos citar o verbo computar. Para garantir que não haja efeitos desagradáveis aos nossos ouvidos, ele não é usado nas três primeiras pessoas do presente do indicativo. Ou seja, não existem as formas “eu computo”, “tu computas” ou “ele computa”. Diante de uma necessidade de fazer referência a essa ação, temos duas opções: ou trocamos o verbo por um sinônimo ou mudamos a estrutura da frase. Assim, diríamos: “Em todas as eleições, eu faço o cômputo dos votos” ou “... conto/calculo os votos” ou “... tenho a responsabilidade de computar os votos”.
No que diz respeito à significação, temos o exemplo dos verbos que designam vozes de animais. Latir é um deles. Essa forma verbal só pode ser conjugada na 3ª pessoa, do singular ou plural, uma vez que se trata de uma ação característica de um cão, isto é, somente o animal (= ele) produz esse som. Sendo assim, não há emprego do verbo para indicar o falante (= eu) ou o ouvinte (= tu) como agentes dessa ação. Portanto eu não “lato”, tu não “lates”, nós não “latimos” e vós não “latis” – já que essas formas não existem! –, mas ele late e eles latem.
É claro que podemos encontrar seu uso no mundo da ficção – em que um cão seja personagem de uma história e possa referir-se ao seu próprio ato de latir – ou, raramente, com o verbo no sentido figurado – quando foge ao seu significado original, como, por exemplo, em “Com muita raiva, eu lati aquelas duras palavras.”. Além disso, o efeito sonoro também interfere na conjugação do verbo. Ele não pode ser usado nas formas em que o “t” seria seguido de “o” (como em “eu lato”, ainda que estejamos no mundo ficcional) ou “a” (mesmo na 3ª pessoa). Por isso, não espere que o seu cachorro “lata” para avisar a chegada de alguém. Como essa forma não pode ser empregada, substitua-a ou mude a estrutura da frase: “Eu espero que meu cachorro ladre (ou dê latidos) para avisar a presença de estranhos no portão.”.
Como podemos observar, defeito é o que não falta nos verbos. Temos alguns casos que, de modo geral, não são conhecidos e tornam o emprego de algumas formas inadequado. Conhecer os verbos defectivos deve ser uma virtude dos bons usuários da língua portuguesa! Então, no próximo artigo, continuaremos com eles.

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 489, Região dos Lagos, sábado, 12-9-2009, p.4)

terça-feira, 25 de maio de 2010

HÁ DÚVIDAS?

Determinados verbos em língua portuguesa apresentam particularidades que exigem uma atenção maior de nossa parte. O verbo haver é um deles. Entre as muitas de suas significações, podemos encontrá-lo como sinônimo de “existir” ou “ocorrer”. Por isso, quando ouvimos alguém dizer “Há um desvio na pista para que a obra possa ser finalizada.” ou “Houve um engarrafamento na pista de acesso à Região dos Lagos”, o haver pode ser substituído, perfeitamente, por aquelas formas verbais: “Existe um desvio...” ou “Ocorreu um engarrafamento...”.
A particularidade a que me refiro se encontra especificamente nesse significado. No sentido de “existir” ou “ocorrer”, ele deve ficar sempre na 3ª pessoa do singular (na forma referente ao “ele”). Isso acontece por ser um verbo impessoal, ou seja, não tem sujeito, não se refere a nenhum ser (pessoa, animal, objeto ou acontecimento). Logo não precisa concordar com nenhum termo existente na frase.
Uma forma de percebermos isso mais claramente é compará-lo com seus próprios sinônimos “existir” e “ocorrer”, que são verbos pessoais, isto é, devem concordar com seu sujeito. Assim, se o termo a que se refere a ação estiver no singular, esses verbos ficam no singular: “Existe uma pessoa lá fora, querendo falar com você.”; “Ocorreu um acidente grave naquela estrada.”. Caso esse termo esteja no plural, os verbos vão para o plural também: “Existem várias pessoas lá fora, querendo falar com você.”; “Ocorreram muitos acidentes graves naquela estrada.”. Com o verbo haver, isso não se dá. Independentemente do termo que apareça na frase, ele fica somente na forma do singular: “Há uma pessoa lá fora,...”; “Há várias pessoas lá fora,...”; “Houve um acidente grave...”; “Houve muitos acidentes graves...”.
Esse uso – sempre no singular – vale para todos os tempos verbais (presente, passado e futuro). Sendo assim, não é correto empregá-lo na forma do plural no passado ou no futuro, como se vê por aí: “Haviam muitas pessoas no show.” ou “Houveram várias manifestações de desagrado durante a reunião.” ou “Haverão vários feriados neste segundo semestre.”. Como diz aquele famoso árbitro e comentarista esportivo, a regra é clara, e a repetimos: o verbo haver com sentido de “existir” ou “ocorrer” fica sempre no singular. Portanto a estrutura adequada é: “Havia muitas pessoas...”, “Houve várias manifestações...” e “Haverá vários feriados...”.
Espero que não haja mais dúvidas a esse respeito.

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, Região dos Lagos, sábado, 05-9-2009, p.4)

terça-feira, 4 de maio de 2010

VER, NO FUTURO.

O verbo ver apresenta uma irregularidade em sua conjugação, ou seja, ele não tem a mesma base (também chamada de “radical”) em todos os tempos (presente, passado e futuro). Comparando-o com “cantar”, é possível entender isso claramente: canto/cantas/canta (no presente), cantei/cantastes/cantou (no passado), cantarei/cantarás/cantará (no futuro). Para ver, temos: vejo/vês/vê (no presente), vi/vistes/viu (no passado), verei/verás/verá (no futuro). Podemos observar que, para o primeiro, a base é sempre a mesma – cant- – ao passo que, para o segundo, ela varia, de acordo com o tempo.
Mesmo com essa mudança, o falante consegue empregá-lo corretamente no dia a dia. Acontece, porém, que, geralmente, há uma confusão no futuro do subjuntivo. Futuro é fácil: tem relação com algo que vai acontecer. E o subjuntivo? Ele é um modo verbal utilizado para dar a ideia de dúvida, hipótese, possibilidade sobre uma ação; diferentemente do indicativo, que transmite a noção de certeza sobre o acontecimento. Quando digo “Eu sei isso.”, o verbo está no presente do indicativo, e há certeza sobre o fato de saber algo. Já em “Ele espera que eu saiba isso.”, a forma verbal se encontra no presente do subjuntivo, e existe uma dúvida quanto a esse saber. No futuro, temos: “Eu saberei o resultado do exame amanhã.”, e a ação é tida como certa. Em “Quando eu souber isso, lhe ensinarei.”, a ação expressa uma hipótese, algo possível de ocorrer.
O verbo ver, no futuro do subjuntivo, é conjugado da seguinte forma: vir, vires, vir, virmos, virdes e virem. Ao expressarmos a possibilidade ou a condição de ver alguém ou alguma coisa, devemos empregar uma dessas formas, de acordo com a situação. Por isso, a maneira correta de se falar ou escrever é: “Quando você vir o filme, vai entender o que estou falando.” ou “Se eu vir o repórter, darei seu recado.”
A princípio, parece estranho aos ouvidos, pois é comum se dizer “Quando você ver...” ou “Se eu ver...”. Essa construção, entretanto, não é adequada, uma vez que foge à conjugação original do verbo. Alguns acreditam que a forma “vir”, usada para a 1ª (eu) e a 3ª (ele) pessoa do singular, estaria associada, não ao verbo ver, mas ao vir (= “deslocar-se de algum lugar”). Ao se empregar o verbo vir no futuro do subjuntivo, teríamos: “Quando você vier aqui em casa, farei um almoço especial.” ou “Se eu vier amanhã a sua casa, trarei a encomenda.”
Em suma: o verbo ver tem conjugação específica no futuro do subjuntivo, que não pode ser confundida com a forma do verbo vir no infinitivo. Portanto, meu prezado leitor, quando você vir alguém com dúvidas sobre isso, repasse essa explicação. Agora, minha cara editora, se vier alguma pergunta para a redação do jornal acerca do tema, encaminhe-me, por favor.
(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 487, Cabo Frio, sábado, 29-8-2009, p.4)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

ASSOAR, SOAR E SUAR

Muitas vezes, a relação entre a forma de uma palavra e seu significado é desconhecida dos falantes. Isso provoca algumas situações de trocas que trazem confusão. Um trio traiçoeiro são os verbos assoar, soar e suar.
A semelhança sonora entre essas palavras é tanta, que pode levar um usuário menos atento a acreditar que haja uma só forma. Podemos chegar a essa conclusão com base numa análise bem simples. O “o” fechado em sílaba átona (fraca, sem tonicidade), de maneira geral, é pronunciado como “u”. É justamente esse o caso de boate (=“buate”), pessoal (=“pessual”) e pano (=”panu”), por exemplo. Partindo desse raciocínio, as formas soar e suar ficam, na fala, reduzidas a somente uma: “suar”. O mesmo fenômeno ocorre em assoar, que, no discurso oral, acaba por ser falado “assuar”. Como o “a” inicial da palavra é articulado de um modo bem frágil, ele acaba, em determinadas ocasiões, sendo eliminado na fala espontânea, restando, então, apenas “suar”. Consequência desses processos: o uso inadequado na hora de conjugá-los.
Segundo definição encontrada em dicionário da língua portuguesa, assoar se refere ao ato de “limpar o nariz de mucosidade”, ou seja, “limpar-se do muco nasal, fazendo sair o ar com força pelas narinas”. Numa situação como essa, devemos, por exemplo, dizer: “Preciso ir ao banheiro para assoar o nariz.” E, assim como o verbo abençoar em “Eu o abençoo.” e “Ele o abençoa.”, o correto é “Quando estou resfriado, eu assoo o nariz toda hora.” e “Quando ele está resfriado, assoa o nariz toda hora.”
O verbo soar já significa “emitir ou produzir som, retumbar, ecoar”. Deve ser empregado da mesma forma que assoar. Podemos exemplificar seu uso com as frases: “Se o alarme soar, avise-me imediatamente.”, “Quando soo esse ruído, todos se assustam.” e “O sino da igreja sempre soa a essa hora.” Logo devemos observar que, ao conjugarmos os verbos assoar e soar dessa forma, a pronúncia do “o” fechado deve ser preservada, caso contrário será confundido com o verbo suar.
A forma verbal suar, por sua vez, relaciona-se, especificamente, à ação de “transpirar, verter suor pelos poros”. Quando conjugado, o “u” deve ser pronunciado normalmente, do mesmo modo que fazemos com o verbo atuar, por exemplo. Assim como dizemos “Eu atuo bem” e “Ele atua bem.”, temos, para o verbo suar: “Eu suo muito.” e “Ele sua muito.”
É necessário, portanto, um pouquinho mais de atenção no emprego desses verbos, a fim de, além de não mudar seus significados, não trocar suas conjugações. Uma boa estratégia para não haver essas confusões é associá-los a outras formas verbais semelhantes.
(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 486, Cabo Frio, sábado, 22-8-2009, p.4)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

RATIFICAR E RETIFICAR

Na língua portuguesa, existem palavras que apresentam semelhança na grafia e na pronúncia, o que, muitas vezes, gera confusão na hora de empregá-las. De modo geral, isso se deve pela existência de uma letra diferente apenas. Essa minúscula distinção, no entanto, é responsável por uma mudança expressiva de significado.
Um caso bem interessante diz respeito às palavras ratificar e retificar. A simples troca do “a” pelo “e” faz com que seus significados sejam completamente diferentes. Usar essas formas verbais indistintamente pode trazer problemas de entendimento.
Por exemplo, vamos imaginar que um indivíduo tenha recebido uma solicitação do responsável pelo departamento pessoal de sua empresa para verificar se o endereço que consta na sua ficha cadastral está correto ou não. Qual das seguintes frases poderia ser dita pelo funcionário? “Preciso ratificar meu endereço.” ou “Preciso retificar meu endereço.”? Resposta: depende do seu objetivo, uma vez que as sentenças têm informações distintas. Caso o endereço esteja correto, a primeira sentença é a adequada à situação comunicativa. Se, porém, o endereço estiver desatualizado, o empregado deve optar pela segunda. Isso acontece, porque o verbo ratificar significa “confirmar”, “validar o que foi feito ou prometido”, “comprovar”. Sendo assim, o endereço deveria ser “ratificado” (confirmado), sofrer “ratificação” (confirmação). Já a forma verbal retificar tem como significado “corrigir”, “emendar”. Logo o endereço teria que ser “retificado” (corrigido), sofrer “retificação” (correção).
A origem de tais palavras explica essa diferença. Embora os elementos iniciais de composição tenham a mesma origem, o latim, seus significados são distintos. Ratificar surgiu da união de “rat(i)-”, em que um dos significados é “confirmado”. Retificar, por sua vez, tem na sua composição “reti-”, cujo significado é “reto”, “direito”.
(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 485, Cabo Frio, sábado-domingo, 15-8-2009, p.4)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

EM VEZ DE ou AO INVÉS DE?

Hoje, vamos tratar de outra dúvida muito frequente no que diz respeito ao emprego adequado do vocabulário da língua portuguesa. Você conhece a diferença entre as expressões em vez de e ao invés de? Pois é, além da semelhança sonora, elas são muitas parecidas na escrita. Essa característica deixa muitas pessoas confusas quanto ao seu uso (isso quando chegam a pensam no caso) ou (o que é mais comum) julgam-nas equivalentes, não fazendo distinção alguma ao empregá-las.
Podemos começar a fazer a diferença entre elas, com a consulta ao dicionário. Nele, constatamos que a estrutura em vez de tem seu significado centrado na palavra “vez”, cuja origem é a forma latina “vice”, a qual nos traz a ideia de “substituição”; afinal, “vice-presidente” é aquele que substitui o presidente, que faz a “vez” dele, na sua ausência ou seu impedimento. Inclusive, uma das significações dessa palavra diz respeito à “ocasião ou oportunidade que cabe a cada um, dentro de uma sequência estabelecida; turno, hora”. Ou seja, há a alternância de algo sobre outro, uma coisa no lugar de outra. Isso nos leva ao entendimento de que seu uso deve ser feito, preferencialmente, para expressar essa noção. Sendo assim, quando dizemos “Em vez de carne, hoje pretendo comer peixe.”, compreende-se perfeitamente que um (peixe) será ingerido no lugar do outro (carne).
De acordo com os gramáticos, seu uso pode ser ampliado para contextos em que haja uma ideia de oposição, como, por exemplo: “Em vez de triste, mostrou-se feliz com o adiamento da entrevista de emprego.”. Nessa frase, é possível resgatar a ideia de substituição, entendendo-se que o estado de felicidade assumiu o lugar do de tristeza.
Agora, atenção: a expressão ao invés de tem emprego restrito. Voltando ao nosso valioso dicionário, chegamos à informação de que a palavra “invés” entrou na língua portuguesa como uma modificação de “inverso”, o que, porém, não interferiu no significado original: “lado oposto”, “avesso”. Logo ao invés de quer dizer “ao contrário de”; “ao revés de”. O resultado disso é que seu uso está diretamente associado à ideia de contrariedade, de oposição entre duas informações. No segundo exemplo, seu emprego é permitido: “Ao invés de triste, mostrou-se feliz com o adiamento da entrevista de emprego.”. É possível observar claramente que “triste” apresenta significado oposto a “feliz”. Com isso, a expressão ao invés de foi empregada de forma adequada na frase, já que seu sentido original mantém-se preservado. Quanto ao primeiro, a troca não seria aceita, pois não há oposição entre os elementos envolvidos: “peixe” não é o contrário de “carne”. Justamente por esse motivo, não seria possível o emprego de ao invés de na frase.
De modo resumido, podemos concluir: em vez de pode ser usado para as noções de “substituição” e de “oposição”, ao passo que ao invés de deve expressar, rigorosamente, a ideia de “oposição”. Como muito se disse por aí, “cada um no seu quadrado”!

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 497, Região dos Lagos, sábado e domingo, 7/8-11-2009, p.4)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

“GRAMA”: MASCULINO OU FEMININO?



Os nomes podem aparecer no masculino ou no feminino. Uma das formas de termos certeza disso é usarmos o artigo antes deles. “Mesa” é um substantivo feminino, porque só admite o artigo feminino antes dele (“a mesa”); já “telhado” é masculino, pois só o artigo masculino pode antecedê-lo (“o telhado”). Essa regra funciona bem para a identificação do gênero da palavra.
Na nossa língua, existe um caso bem interessante em que o uso do gênero masculino ou feminino provoca uma mudança de significado da palavra. Quando dizemos “A minha cabeça está doendo.”, temos “cabeça” como um nome feminino, significando “parte do corpo”. Na frase “Ele é o cabeça do grupo”, a presença do artigo masculino “o” antes do nome muda seu sentido para “líder”. Isso também ocorre com a palavra “cobra”. Em “A cobra foi encontrada dentro da casa.”, estamos nos referindo ao “animal ofídio”, mas, em “Ele é o cobra da turma.”, o substantivo diz respeito a um “especialista em determinada atividade”.
Uma palavra muito usada no nosso dia a dia é “grama”. Podemos empregá-la para nos referir à “relva” encontrada nos quintais de muitas casas ou à unidade de peso atestada pelas balanças espalhadas pelo comércio e também residências. Acontece que essa palavra tem sentido determinado pelo artigo que a antecede. Para o primeiro caso, temos “a grama”, como em “A grama precisa ser aparada.”; para o segundo, “o grama”, como em “Quanto está o grama do ouro?”. Isso se deve ao fato de, na realidade, constituírem palavras distintas, uma vez que têm origens diferentes: o nome feminino vem do latim “gramen”, já o nome masculino deriva do grego “grámma”.
Geralmente, o falante não apresenta dúvidas com o uso de “grama” no feminino. O problema está no uso do masculino. É muito comum ouvirmos, numa compra no supermercado, por exemplo, a pergunta: “Quantas gramas de presunto você quer?” E, em seguida, a resposta: “Quero duzentas gramas de presunto, por favor!”. Entretanto, nesse diálogo, o correto seria dizer “Quantos gramas de presunto você quer?” e “Quero duzentos gramas de presunto, por favor.”. Assim como a palavra “quilo”, “grama”, como unidade de peso, deve ser empregado com o artigo ou o numeral no masculino: “o quilo/o grama”, “dois quilos/dois gramas”.
Sendo assim, nesse caso específico, é preciso saber exatamente do que está se falando para usar o determinante (artigo ou numeral) adequado. Ainda que boa parte das pessoas desconsidere essa diferença nas situações cotidianas, precisamos valorizar a qualidade da comunicação, fazendo acertadamente as combinações entre os vocábulos de uma frase. Se o sentido da palavra muda de acordo com essa construção, é óbvio que o conteúdo da mensagem também se altera, o que, por vezes, traz prejuízos à clareza da informação.
(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V,Cabo Frio, quinta-feira, 2009, p.4)

sábado, 27 de março de 2010

ONDE OU AONDE?

Uma dúvida muito frequente diz respeito ao emprego correto de “onde” e “aonde” na frase. É muito comum ouvirmos: “Onde você mora?” ou “Aonde você mora?”. Afinal, qual a forma adequada?
A primeira informação que devemos ter é que “onde” sempre está relacionado à noção de “lugar”. Sendo assim, a intenção do falante, ou o contexto da frase, deve expressar essa ideia de local em que se realiza algo. Se não houver tal situação comunicativa, essa palavra não deve ser empregada.
A fim de que possamos saber quando usar um ou outro, devemos atentar para o tipo de verbo a que está relacionado. Se o verbo exige uma circunstância de lugar iniciada com a preposição “em”, há de se fazer o uso de “onde”. Por exemplo, o verbo “morar”. Alguém mora EM algum lugar. Logo fazemos a seguinte construção: “Onde você mora?”. O mesmo acontece com o verbo “estar” acompanhado dessa circunstância. Alguém está EM algum lugar. Daí a frase: “Onde você está?”.
Quando, porém, o verbo exige que a circunstância venha iniciada pela preposição “a”, a construção é feita com “aonde”. Isso ocorre, por exemplo, com o verbo “ir”. Alguém vai A algum lugar. Portanto a pergunta deve ser: “Aonde você vai?”. Tal uso também se dá com o verbo “chegar”. Alguém chega A algum lugar. Sendo assim, a interrogação é: “Aonde você chegou?”.
Outra informação importante a respeito do “onde” é que, sendo palavra indicativa de “lugar”, só pode substituir um termo que apresente também essa ideia. Hoje em dia, entretanto, é comum o uso generalizado de “onde”, ou seja, independentemente de seu antecedente indicar “lugar”, constrói-se a frase com ele. Como podemos verificar isso? É preciso se certificar sobre a natureza da palavra anterior a ele. Na frase “Ele vive numa cidade onde as pessoas se cumprimentam nas ruas.”, o “onde” tem como antecedente a palavra “cidade”, a qual tem a ideia de “lugar”. Nesse caso, o seu uso está perfeito. Agora, na sentença “A situação onde ele se encontra é muito complicada.”, é possível observar que o “onde” vem antecedido da palavra “situação”. O questionamento é o seguinte: “situação” expressa a noção de “lugar”? A resposta é não! Logo o emprego do “onde” está inadequado. Nesse caso, ele deve ser substituído por “em que” ou “na qual”. Outro exemplo: “Ele me contou sobre o acidente onde o motociclista quebrou a clavícula.” Voltamos ao raciocínio anterior: “acidente” indica “lugar”? Não, é um fato, um acontecimento! Por isso o “onde” não pode ser empregado; é preciso substituí-lo por “em que” ou “no qual”.
Em resumo: o “onde” e o “aonde” não podem ser utilizados de modo aleatório. Há de se analisar o contexto frasal em que se encontra e, só depois disso, escolher a forma adequada. Como são palavras específicas para expressar a ideia de “lugar”, é necessário atentar para tal condição antes de empregá-las como substitutas de um termo anterior.

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 484, Cabo Frio, sábado, 8-8-2009, p.4)

sexta-feira, 26 de março de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

NEM TUDO QUE SE OUVE FALAR EXISTE!

A finalidade maior da língua é permitir uma comunicação ampla e eficiente entre os indivíduos de uma mesma nação. Para isso, é necessário que haja uma estrutura básica a ser respeitada pelos falantes. Acontece, porém, que a obediência de todos é um ideal, pois há sempre espaço para as transgressões, as mudanças e as inovações, o que, inclusive, mantém a língua viva.
Na fala, ocorrem inúmeras alterações do padrão linguístico. Algumas são como epidemias: contaminam, rapidamente, uma grande quantidade de pessoas, que passam a usar determinadas estruturas de forma equivocada. Como se diz por aí: a moda pega. Aqui vão alguns exemplos desse fenômeno linguístico.
Antes só encontrada em situações muito específicas, a palavra “asterisco” tem sido muito utilizada hoje, em função do uso dos rádios transmissores, em cuja estrutura aparece tal símbolo, como, por exemplo, 24*33392 ou 24*33*392. O problema é que muita gente desconhece a forma correta e, na hora de informar o seu ID (código de identificação), tem dito erradamente “asterístico” (que não existe no Português!). O engraçado é que esse uso vai de encontro ao princípio de menor esforço do falante, o qual, nesse caso, preferiu aumentar o tamanho da palavra a pronunciá-la originalmente.
Com a falta de espaço nas cidades, é comum vermos condomínios com as moradias duplicadas, grudadas umas às outras. Ao contrário do que se ouve, essas casas são “geminadas” (palavra vinda do latim “geminare”, que quer dizer “duplicar”), e não “germinadas”. Observe que elas são iguais, como se fossem gêmeas (ou gêminas). Se pudéssemos plantá-las para que brotassem da terra, naturalmente, sem precisarmos gastar tanto dinheiro para adquiri-las, aí poderíamos dizer que eram “germinadas”. Será que alguém ainda acha que aquela frase da Carta de Pero Vaz de Caminha a respeito das terras brasileiras, na época do descobrimento, vale para a aquisição da casa própria: “E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”? Isso explicaria o termo “germinada”, pois era só plantarmos uma casa, e ela germinaria na terra que escolhêssemos.
Já que estamos falando de casa, o nome daquela janela com batentes móveis que permite a entrada de ar e de luz sem devassar o interior é “basculante”. Isso acontece pelo fato de ela possuir um “básculo”, ou seja, aquela peça móvel, apoiada num pino, que permite sua abertura e seu fechamento. O mesmo nome se dá ao caminhão que possui essa articulação. Ele também é chamado de “basculante”, uma vez que sua caçamba pode ser elevada para despejar o material nela existente, devido à presença dessa peça móvel. A forma “vasculhante” não existe, pode acreditar!
O que podemos observar é que algumas formas usadas incorretamente na fala passam a ser incorporadas também na escrita, causando grande confusão quanto ao emprego correto. Precisamos deixar nossos ouvidos e olhos bem atentos aos casos aqui mencionados, para que não “escorreguemos” na fala ou na escrita do dia a dia e manchemos nossa imagem de falante competente da língua portuguesa.


(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 480, Cabo Frio, quinta-feira, 23-7-2009, p.4)

terça-feira, 16 de março de 2010

PENSAMENTO DA SEMANA

"Todo homem, orador, escritor ou poeta, todo homem que usa da palavra, não como um meio de comunicação de suas ideias, mas como de um instrumento de trabalho, deve estudar e conhecer a fundo a força e os recursos desse elemento da sua atividade." (José de Alencar)

domingo, 14 de março de 2010

PRONÚNCIA TAMBÉM MERECE RESPEITO

No nosso cotidiano, surgem muitas dúvidas a respeito da grafia ou pronúncia de determinadas palavras. Como a língua falada é um meio de comunicação direto e mais rápido, nem sempre há a possibilidade de se verificar a correção quanto ao uso de um termo ou expressão dentro da frase. Alguns equívocos consagram-se na fala de tal modo, que passam a ser empregados por boa parte das pessoas, assumindo o lugar da forma correta, que, por sua vez, torna-se estranha aos ouvidos. A incorporação, muitas vezes, atinge o discurso de pessoas dotadas de certo prestígio social, como figuras públicas ou profissionais que trabalham, de alguma forma, com a língua portuguesa (apresentadores de rádio e televisão, atores, jornalistas, políticos, entre outros).
A fala, porém, é tão importante no estudo da língua portuguesa que existe um ramo da gramática que se preocupa exclusivamente com a correta pronúncia das palavras: a ortoepia ou ortoépia. Por meio dela, podemos conhecer a forma correta de palavras e expressões que causam dúvidas na hora de se falar. Daí a necessidade de, de vez em quando, a visitarmos a fim de não trocarmos o certo pelo duvidoso.
Alguns usos impróprios já adquiriram tradição e vêm passando de geração em geração. A palavra “gratuito” é uma delas. Ao contrário do muita gente pensa, e fala, o encontro “ui” é um ditongo, logo deve ser pronunciado numa única enunciação: gra-tui-to. Por isso fique atento e duvide se lhe oferecerem algo “gra-tu-í-to”. Com certeza, aí tem alguma coisa errada. O mesmo acontece com “fluido” (flui-do), “fortuito” (for-tui-to) e “intuito” (in-tui-to).
O uso de “rubrica” (isso mesmo: ru-“brí”-ca) é recordista em estranhamento. Geralmente, acredita-se que constitui um vocábulo proparoxítono (cuja sílaba tônica é a antepenúltima), e muitos a pronunciam com tal. Acontece, porém, que sua sílaba tônica é o “bri”, uma vez que é uma paroxítona (cuja sílaba tônica é a penúltima). Assim como comemos “canjica”(principalmente agora com as festas juninas e julinas), devemos escrever a nossa “rubrica”.
Já que nos referimos a uma palavra recordista, lembramos outra paroxítona: “recorde”. Essa é muito usada no meio esportivo também como proparoxítona (acentuando-se a sílaba “re” e com a abertura da vogal “e”: “récôrdi”), mas a sílaba que deve receber a acentuação na fala é “cor”, e o “re” deve ter a vogal fechada: “rêCóRdi”.
Outro emprego já consagrado é o de “ruim”. O carioca, principalmente, instituiu “rúim” (tornando “ru” a sílaba tônica) como a forma certa. Depois que criaram a gíria “É ruim, hein.”, fica até difícil se falar “ru-ím”, pronunciando-a como oxítona, a forma correta da palavra.
Esses poucos exemplos mostram como podemos difundir erros de pronúncia no nosso cotidiano. Uma vez que a fala funciona como um instrumento a serviço da comunicação de seus usuários, é importante estarmos atentos a ela e nos informarmos a respeito da correção de uma determinada pronúncia de uma palavra, principalmente quando se encontram duas formas circulando na língua.
(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 475, Cabo Frio, quinta-feira, 16-7-2009, p.4)

segunda-feira, 8 de março de 2010

PENSAMENTO DA SEMANA

"A receita para a perpétua ignorância é permanecer satisfeito com suas opiniões e contente com seus conhecimentos.
Se você achar que sabe tudo, não haverá possibilidade de aprender algo novo.
Se você agir como um estudioso da vida, estará na posição de aprender algo novo todos os dias.
Eu o incentivo a ver seu mundo com os olhos de uma criança para apreciar novamente a magia do aprendizado
." (Elbert Hubbard)

quinta-feira, 4 de março de 2010

A IMPORTÂNCIA DA FALA

O mundo moderno vive da comunicação, haja vista a globalização como o fenômeno que sustenta todas as relações (sociais, políticas, econômicas e culturais) na sociedade contemporânea. Apesar disso, vivemos um momento paradoxal: enquanto os meios de comunicação se desenvolvem rapidamente, ampliando-se as formas de se trocar informações, a língua tem sofrido muitas transformações e interferências, a fim de torná-la mais objetiva, concisa e suficientemente restrita ao essencial.
Toda língua tem duas faces: a escrita e a fala. São duas modalidades bem específicas, que se complementam, mas uma não pode substituir a outra em todas as situações. Existem ocasiões em que nós preferimos uma a outra, ou somos obrigados a escolher a mais adequada socialmente para estabelecer a comunicação.
Geralmente se pensa que somente a língua escrita deve receber uma atenção especial quanto ao respeito às normas gramaticais. A fala estaria dispensada disso, por ter uma natureza mais espontânea e, por isso, mais informal. Acontece que as variedades linguísticas fazem parte das duas modalidades. É o contexto que determinará se o uso da língua se fará de modo culto ou popular, independentemente de ser por meio da escrita ou da fala.
A civilização atribui à língua escrita uma maior importância, uma vez que é ela a responsável pelo registro da história da humanidade. A fala, no entanto, não pode ser considerada um modo inferior de se comunicar, em contraposição à escrita. Ambas constituem a representação do pensamento, a forma como o indivíduo expõe suas ideias e sentimentos. Por isso é necessário que os cuidados com a escrita sejam destinados também à fala.
Como a língua falada, mais usada no nosso cotidiano, dispõe de recursos específicos, como, por exemplo, a entonação, os gestos, a expressão facial, entre outros, algumas questões de natureza gramatical são deixadas de lado, a fim de que a comunicação seja estabelecida de maneira mais rápida e imediata. A consequência disso é que determinadas estruturas da língua são alteradas, e o falante, de tanto ouvir essa construção, perde a noção de que certas regras fundamentais foram desrespeitadas. Inclusive, é comum se estranhar o uso correto, achando-o “feio”, que “soa mal aos ouvidos”.
É preciso, portanto, que a fala seja foco de nossa atenção, uma vez que não a utilizamos apenas para transmitir ideias. Ela também revela quem somos, denunciando, pelo emprego de determinadas palavras e expressões, nosso nível social, escolar e, por vezes, nossos valores. Com ela, demonstramos nossa capacidade comunicativa, o que pode facilitar ou dificultar, dependendo do nosso desempenho, o relacionamento pessoal e profissional na sociedade.
Tendo em vista essa reflexão, nos próximos artigos, abordaremos o uso indevido de determinadas estruturas linguísticas, as quais, na língua falada, passam despercebidas. Essas construções, inclusive, são alvo certo de questões de língua portuguesa em concursos, visto que, quase sempre, os candidatos já as internalizaram, principalmente pelo emprego constante na fala.

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 470, Cabo Frio, quinta-feira, 9-7-2009,p.4)

segunda-feira, 1 de março de 2010

FRASE DA SEMANA

"Feliz daquele que ensina o que aprende, e que aprende o que ensina." (Cora Coralina)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

VISITA AO LAGOS JORNAL


A equipe do GELP inciou o semestre letivo com uma ida à Central de Jornalismo da Rede Lagos de Comunicação. Como colunistas do Lagos Jornal, as professoras Mônica e Lívia, mediante a visita orientada da editora-chefe Keetherine Giovanessa, conheceram os bastidores da publicação do jornal, desde a coleta das informações até a sua edição. Um jornalista, mais do que ninguém, conhece o poder da palavra e sabe da importância de se usar a língua o mais satisfatoriamente possível.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

REALIZE EM 2010!

Enquanto todos estavam envolvidos nos preparativos das festas de final de ano e da folia do carnaval, a equipe do GELP estava planejando o ano de 2010. Ficamos pensando em você que quer realizar o sonho de:

a) passar nos concursos públicos previstos para este ano;

b) concluir seu curso superior com uma monografia elogiada pela banca devido a um texto bem escrito;

c) ser aprovado numa disciplina específica sem fazer a prova final, por ter conseguido compreender muito bem o que leu e escrever com clareza e correção sobre o conteúdo;

d) ter domínio das várias estruturas que a língua portuguesa oferece para uma comunicação eficiente e, com isso, obter sucesso profissional.

A proposta do GELP é simples: tornar fácil o que, até o momento, você considera difícil. O estudo da gramática, a prática da redação e da leitura e a produção de textos acadêmicos podem ser feitos de modo individualizado ou em pequenos grupos. Você é o elemento ativo de sua aprendizagem, ou seja, escolhe o quê e como aprender!
Nós lhe ajudaremos a atingir suas metas. Entre em contato: gelp@oi.com.br.