quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

VERBOS ABUNDANTES

Já que entramos no vasto mundo dos verbos, não podemos deixar fora de nossa lembrança os verbos abundantes: aqueles que têm duas, ou mais, formas equivalentes, de modo geral relacionadas ao particípio. Compliquei? Então vamos descomplicar!
Primeiramente, o que vem a ser o particípio? Ele tem como característica a terminação “ado”, para os verbos de 1ª conjugação (com terminação “ar”), e “ido”, para os de 2ª (terminados em “er”) e 3ª (com terminação “ir”). Assim, para andar, dobrar, falar e pensar, por exemplo, temos os particípios: andado, dobrado, falado e pensado. Já para beber, entender, parecer, colorir, fingir e seguir, temos: bebido, entendido, parecido, colorido, fingido e seguido. Essas formas de particípio, marcadas pelo final “ado” e “ido”, são classificadas como regulares; daí o particípio regular.
Existem verbos, porém, que têm o seu particípio construído de um modo bem particular, sem aquelas terminações. Eles formam o grupo dos verbos com particípio irregular. Por exemplo, abrir/aberto (não existe “abrido”); escrever/escrito (não há “escrevido”); fazer/feito (e não “fazido”).
O que acontece com os verbos abundantes em relação ao particípio? Eles têm as duas formas: uma com a terminação “ado” ou “ido” (particípio regular) e outra específica (particípio irregular). É o que ocorre com o verbo aceitar, por exemplo, cujo particípio pode ser aceitado ou aceito. Outros que integram essa lista são: eleger (elegido/eleito); entregar (entregado/entregue); expulsar (expulsado/expulso); imprimir (imprimido/impresso); prender (prendido/preso); salvar (salvado/salvo); soltar (soltado/solto); suspender (suspendido/suspenso).
Ora, agora vem a questão: posso usar as duas formas do particípio dos verbos abundantes aleatoriamente? Não. A nossa língua tem uma estrutura muito bem organizada e deixa esses verbos bem “arrumadinhos”, cada um numa “gaveta” própria. Como, na frase, eles sempre vêm acompanhados de um verbo auxiliar para compor sua conjugação, o emprego do particípio regular ou irregular vai depender da escolha desse auxiliar.
Quando usamos os verbos ter e haver como auxiliares, é o particípio regular que deve ser empregado. Sendo assim, diremos: “José tinha/havia aceitado meu convite, mas não apareceu.”; “A criança tinha/havia suspendido a cadeira com facilidade.”; “Eu já tinha/havia imprimido todo o trabalho da escola, quando ela chegou.”; “Os alunos tinham/haviam elegido o representante da turma por voto direto.”.
Se usarmos os verbos ser e estar como auxiliares, devemos empregar o particípio irregular. Para os contextos acima, teríamos: “Meu convite foi aceito por José, mas ele não apareceu.”; “A cadeira foi suspensa com facilidade pela criança.”; “Todo o trabalho da escola foi impresso, antes de ela chegar.”; “O representante da turma foi eleito pelos alunos por voto direto.”.
Bem, mais uma vez, a língua nos oferece um estoque bastante generoso de opções para a construção de frases. Os verbos abundantes são um exemplo disso. Sabendo usar, não vai faltar!
Artigo publicado em setembro de 2009 no Lagos Jornal.

3 comentários:

  1. Eu gostei muito do site,ele me ajudou muito!
    mais eu queria saber se esses verbos são comuns do nosso dia a dia?E qual a justificativa ao classificar alguns verbos dessa forma?
    Por favor será que vcs poderiam me responder?
    Obg desde de já!

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  2. Olá, Anônimo!
    Como você pode observar nos exemplos do artigo, fazemos uso dos verbos abundantes com muita frequência no nosso dia a dia. O termo "abundante" diz respeito, exatamente, ao fato de haver mais de uma forma para um mesmo tempo verbal para alguns verbos, ao passo que, para outros, há somente uma forma.

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  3. Ajudou muito no meu trabalho da escola, adorei valeu a pena clicar no link !!!

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