quinta-feira, 15 de abril de 2010

RATIFICAR E RETIFICAR

Na língua portuguesa, existem palavras que apresentam semelhança na grafia e na pronúncia, o que, muitas vezes, gera confusão na hora de empregá-las. De modo geral, isso se deve pela existência de uma letra diferente apenas. Essa minúscula distinção, no entanto, é responsável por uma mudança expressiva de significado.
Um caso bem interessante diz respeito às palavras ratificar e retificar. A simples troca do “a” pelo “e” faz com que seus significados sejam completamente diferentes. Usar essas formas verbais indistintamente pode trazer problemas de entendimento.
Por exemplo, vamos imaginar que um indivíduo tenha recebido uma solicitação do responsável pelo departamento pessoal de sua empresa para verificar se o endereço que consta na sua ficha cadastral está correto ou não. Qual das seguintes frases poderia ser dita pelo funcionário? “Preciso ratificar meu endereço.” ou “Preciso retificar meu endereço.”? Resposta: depende do seu objetivo, uma vez que as sentenças têm informações distintas. Caso o endereço esteja correto, a primeira sentença é a adequada à situação comunicativa. Se, porém, o endereço estiver desatualizado, o empregado deve optar pela segunda. Isso acontece, porque o verbo ratificar significa “confirmar”, “validar o que foi feito ou prometido”, “comprovar”. Sendo assim, o endereço deveria ser “ratificado” (confirmado), sofrer “ratificação” (confirmação). Já a forma verbal retificar tem como significado “corrigir”, “emendar”. Logo o endereço teria que ser “retificado” (corrigido), sofrer “retificação” (correção).
A origem de tais palavras explica essa diferença. Embora os elementos iniciais de composição tenham a mesma origem, o latim, seus significados são distintos. Ratificar surgiu da união de “rat(i)-”, em que um dos significados é “confirmado”. Retificar, por sua vez, tem na sua composição “reti-”, cujo significado é “reto”, “direito”.
(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 485, Cabo Frio, sábado-domingo, 15-8-2009, p.4)

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